segunda-feira, 21 de junho de 2010

CALA BOCA UFANISMO

As candidaturas foram oficializadas, dando a largada à corrida presidencial – oficialmente, claro. Mas, como não poderia deixar de ser, o assunto é Copa do Mundo. Afinal, de quatro em quatro anos, palmeirenses, corinthianos, cruzeirenses, flamenguistas, ricos, pobres, e apaixonados ou não pelo futebol vestem a mesma camisa: a do patriotismo. De quatro em quatro anos dá orgulho ser brasileiro, o país para. Jogo do Brasil é feriado, é carnaval.

Mas enquanto não chegamos a fase “mata-mata”, as atenções ficam em torno da roupa de Dunga, das “vuvuzelas”, da Jabulani, de quem ficou fora da Copa... E de Galvão Bueno. Sim! O simpático locutor esportivo brasileiro tão popular quanto polêmico. Pela primeira vez, uma Copa do Mundo é coberta pelo Twitter, onde o famoso “CALA BOCA GALVÃO!” segue inabalável nos “Trending Topics” desde o show de abertura do mundial. Ou seja, é o assunto mais comentado do Twitter.

Deu o que falar. O mundo quis saber o que afinal era a expressão tão twittada pelos brasileiros. Muitas teorias surgiram: novo single da Lady Gaga? Campanha para salvar os galvões, pássaros em extinção no Brasil? A proporção que o viral ganhou na web foi tamanha que até os noticiários internacionais publicaram matérias a respeito. Sem falar do deleite dos sites de humor, onde o assunto deu mais pano para manga do que todos poderiam imaginar.

O fato é que, enquanto alguns atribuem essa visibilidade ao “poder do Twitter”, eu insisto em dizer que quem tem poder são as massas, que quando querem se fazem ser ouvidas e atendidas. Aconteceu com o projeto de lei Ficha Limpa, que nasceu no clamor popular e ganhou os plenários para, enfim, ser votada, aprovada, sancionada e, claro, devidamente modificada. Bateu recordes de agilidade e já valerá para as eleições desse ano. É a prova de que, quando mobilizadas para o bem, a população, tal qual a imprensa, o quarto poder, possuem inquestionável poder.

Por que não usar, então, as ferramentas que possuímos nas mãos para causas mais nobres, ou no mínimo menos perdidas? O Galvão Bueno não vai calar a boca. O Faustão, o Gugu, o Sílvio Santos, e tantos outros não calaram até hoje. Esse tipo de polêmica só fomenta a popularidade dessas figuras controversas.

E falando em eleições, Twitter e Copa do Mundo, há um lugar comum em que esses três elementos se encontram: nas páginas dos presidenciáveis na ferramenta dos 140 caracteres. Lá, as discussões esportivas invadem também a esfera política, com os candidatos tentando criar empatia com os torcedores. E, enquanto Serra se aproveita do slogan ambíguo “O Brasil pode mais”, Lula alega, categoricamente, que Dilma irá preencher um vazio deixado por ele nas urnas nessas eleições.

O Brasil pode mais. A frase é familiar, e causa na população a sensação de poder. E o povo realmente pode mais. Pode deixar de lado o ufanismo – aquele sentimento de auto-vangloriação responsável pelo famoso (e traiçoeiro) salto alto – característico da época de Copa e dar lugar ao genuíno patriotismo, aquele que nos dá forças para limpar as fichas de nossos candidatos e que não vai embora com a primeira derrota da Seleção.

segunda-feira, 7 de junho de 2010

Entre pérolas e ostracismo: Quem vence?

Essa é a época do ano em que o tempo esfria mas todo o resto esquenta: A Copa do Mundo vai se aproximando e os assuntos em mesas de boteco têm cada vez mais pautas como a convocação do Dunga, os meninos da vila que ficaram de fora, o Ganso e a separação de Pato, além das greves que entram na moda para pegar carona no ano eleitoral. A disputa política vai ficando mais, digamos, real.

Com Ciro Gomes fora do páreo, os presidenciáveis Dilma e Serra vão se enrolando nos cabelos das próprias pernas – prometendo até dançar o “Rebolation” - em busca de pontos nas pesquisas de intenção de voto, visto que a última apontou empate técnico entre os dois. E nessa hora podemos economizar programas humorísticos: a política por si só é um show à parte!

Dilma parece estar seguindo o exemplo de Lula, seu padrinho político, e soltando pérolas no melhor estilo “ler é pior do que fazer exercício em esteira”. A frase, do Presidente Lula, deve ter inspirado sua candidata à sucessão, que se atrapalhou toda quando questionada sobre sua literatura preferida e não soube citar sequer o título de um livro. Parece que Dilma está lidando melhor com os 140 caracteres de seu recém criado twitter.

Mas não sejamos injustos! A ex ministra do governo Lula demonstrou muita cultura ao citar a obra Vidas Secas, de Graciliano Ramos (ela falou do filme, não do livro homônimo). Em entrevista, Dilma disse que no filme está retratada a miséria e “a saída do povo do nordeste para o Brasil”. Isso mesmo! Saída do nordeste para o Brasil. Ou a candidata faltou nas aulas de geografia ou é adepta de um movimento separatista da região do resto do país. Resta saber qual dos dois ela pretende governar: o nordeste, ou o Brasil.

Enquanto isso Serra segue inabalável (ou nem tanto assim) com seu jeito “quadradão”, mergulhado em seu, de certa forma, ostracismo. Isso porque é órfão até de padrinho político. Enquanto Lula sobe nos palanques ao lado de Dilma para tentar passar seu carisma por osmose (aproveitando para ensinar algumas de suas pérolas), FHC faz que não é com ele quando o assunto é Serra. Mas o tucano tem dado seus próprios passos para sair do tal ostracismo: Recentemente até estampou a capa de certa revista semanal “imparcial” com um sorriso ingênuo e olhar cativante, que por mera coincidência muito lembra a capa da Revista Time com o carismático Barack Obama – a mesma mãozinha no rosto. Serra Paz e Amor... Acho que já vi esse filme! O marqueteiro Duda Mendonça, que elegeu Lula com esse mesmo slogan, deveria cobrar seus créditos.

Mas o fato é que Serra é carreirista. Vive de galho em galho, sem sequer concluir seus mandatos. Tudo bem que na mesma revista em que Serra estampou seu lindo rosto benevolente, a manchete era a seguinte frase “Me preparei a vida toda para ser presidente”. Talvez então, quem sabe, se ganhar as eleições conclua ao menos esse mandato. Afinal, após chegar ao lugar que ele sempre quis, o que mais ele pode querer? Talvez ser presidente do nordeste...