quarta-feira, 15 de setembro de 2010

“E o voto vai para...”

Desliguem a TV, economizem os programas de humor e os sites de piadas. As campanhas eleitorais estão a todo vapor com o mais peculiar (e negro) do humor. Afinal, é da cara do eleitor que eles dão risada, e como se não bastasse os políticos serem a própria piada, agora querem calar a voz dos humoristas. Estamos andando no caminho contrário e regredindo, sendo censurados e lembrados sobre quem pode rir de quem. A graça está nas massas escolhendo seus votos baseada em mentiras deslavadas e números distorcidos.

Por trás dos debates estão marketeiros – muito bem pagos – que fazem jogos de frases de efeito e manipulação, que usam os rostos maquiados e sorridentes que nós vemos como fantoches para dizer o que os eleitores querem ouvir. Mas não se preocupe: se eleitos, eles continuarão meros fantoches e porta-vozes de um emaranhado de coronelismos e corrupção (de dinheiro e de caráter).

Partidos já não existem mais. Nem democracia. Ou dedicar a um candidato 10 minutos no horário na televisão e 30 segundos para outro é democrático? O eleitor tem a mesma oportunidade de conhecer cada candidato para se decidir pelo voto? E as pesquisas? Sempre me pergunto quem influencia quem – as pesquisas são reflexo da vontade da população ou a vontade da população é reflexo das pesquisas?

Sem falar que só aparece quem tem dinheiro. E só tem dinheiro quem tem rabo preso com empresários e figurões acostumados a mamar nas tetas do generoso Governo, só não tão generoso com seus contribuintes e seus marginais, que se contentam com uma bolsa-miséria para calar a fome e a boca, e garantir o voto nas próximas eleições.

Mas se você estiver revoltado e insatisfeito com o cenário político, econômico e social atual, ligue a TV ou o rádio, e veja um Brasil com crianças sorridentes, candidatos nobres e engajados e a solução para todos seus problemas. São todos tão bonzinhos e simpáticos que dá vontade em votar em todos! Pena que não dá..

E se estiver cansado dos figurões, vote nos “figuras”. Aqueles que eleição após eleição, surgem com seus jingles cômicos e slogans apelativos. Eles só querem chamar a atenção e, de quebra, conquistar votos de protesto. Pelo menos eles fazem um humor mais escachado, despretensioso e honesto – eles não fingem que estão falando sério, não fazem de conta que se importam com você, e não apenas com seu voto. E, falando nele, não tenha receio de usá-lo para o mal. Essa é ”minha” dica: pior do que está, não fica!