segunda-feira, 27 de abril de 2009

Até tu, Gabeira?

O Deputado mais verde de Brasília dá sua explicação sobre o envolvimento com o escândalo das passagens aéreas no Parlamento.

quarta-feira, 22 de abril de 2009

"Se podes olhar, vê. Se podes ver, repara."

A frase é de José Saramago, autor de Ensaio sobre a Cegueira, romance que dá nome e enredo ao filme de direção de Fernando Meirelles

Objeto de duras críticas na abertura do Festival de Cannes, o filme mais esperado do ano, “Ensaio sobre a Cegueira” (Brasil/Canadá/Japão – 2008 – Drama), foi sucesso de bilheteria e tão polêmico quanto comercial. O longa, baseado na obra homônima do escritor português José Saramago, e dirigido pelo brasileiro Fernando Meirelles, chocou pelas cenas retratadas com frieza (e fidelidade à obra) em alguns momentos.
É importante notar, porém, que como foi dito é questão de fidelidade. Filmes baseados em livros sempre ficam por decepcionar o leitor e agradar platéias mais variadas. Ensaio sobre a Cegueira, ao contrário, foi feito para quem leu o livro. Retratada com riqueza de detalhes, a obra de Saramago se quer abria espaço para divagações.
A história, que fala de uma misteriosa cegueira branca e contagiosa que começa a infectar um por um dos moradores de uma cidade – não identificada no filme, porém as locações foram em São Paulo – a partir do primeiro cego, passando por todos que tem contato direto ou indireto com ele. A doença contamina o oftalmologista, seus pacientes e assim sucessivamente, até que, ao atingir um número preocupante de infectados, o governo decide isolar os cegos num sanatório desativado. Curiosamente (e tão inexplicavelmente como a cegueira em si) a mulher do médico não é contaminada, e passa a desfrutar dos privilégios e desventuras de ser a única a ver.
O desenrolar do filme retrata a degradação da sociedade e do ser humano em si, a tênue linha que divide a dignidade e o instinto mais primitivo de sobrevivência. Uma dura crítica à sociedade, a história mostra que, afinal, não somos tão bons assim, nos convidando a olhar para nós mesmos e para o mundo, quando na verdade a pior cegueira é a do egoísmo. Deixar de ver, então, pode ser a única forma de enxergar de fato a crueldade do mundo.
O diretor realizou seu trabalho com maestria ao montar o cenário de uma cidade que representava simplesmente uma metrópole e dar vida a personagens sem nome. Aliás, esse é outro fator que levou críticos equivocados a julgar o filme. O recurso, usado por Saramago no romance, é utilizado para mostrar que na situação de reestruturação de uma sociedade, nomes, tais como valores morais, se tornam desnecessários – ou pelo menos reconsideráveis.