segunda-feira, 21 de abril de 2008

200 anos de Imprensa no Brasil: E o Aniversário é dia...?

Esse ano, comemoramos 200 anos de Imprensa. Que dia mesmo vamos soltar os fogos? Eis uma divergência: Em 1999, o Dia Nacional da Imprensa mudou de 10 de Setembro para 1º de Junho. Isso porque antes a homenagem se referia ao primeiro dia de circulação da "Gazeta do Rio de Janeiro", e o 1º de Junho condiz com o nascimento do"Correio Braziliense". Essa mudança seria uma correção ao fato de o Correio Braziliense circular antes do "Gazeta do Rio de Janeiro", de forma clandestina, sendo publicado em Londres, já que na época era proibida a publicação de periódicos.
O Jornalismo, porém, deveria ser exaltado em sua essência e seu propósito: a liberdade, a excelência, a integridade. Há datas memoráveis, talvez não tão remotas, porém mais notórias que poderiam ser relembradas ano após ano. A Imprensa que já nasceu tardia (300 anos depois do país!), também tardou em se legitimar, sendo de interesse da população no geral apenas em tempos contemporâneos, e em seu berço, se comportando como uma mera ramificação que deveria vir apenas depois de consolidado seu verdadeiro papel.
A Gazeta trazia conteúdos da família real, ou seja, nada de interesse público; Já o Correio, falava mais de outros países do que do nosso. O que há pra se comemorar acerca disso? A meu ver, nada. A meu ver, inclusive, nenhuma dessas datas honra nossa Imprensa. Não vejo louvor em nenhum desses acontecimentos. São retratos de um Brasil pouco admirável, e não que isso tenha mudado muito de lá pra cá, porém ganhamos nosso direito de ser, nossa liberdade de falar, nosso compromisso com o social e com o país.
Hoje podemos nos chamar de um país, e hoje também temos uma Imprensa. Não somos modelos de nenhum de ambos, mas tivemos lutas, tivemos mortes em prol disso e o início da Imprensa foi só um inicio. O desenrolar foi muito mais gratificante.
Viva os 200 anos de Imprensa no Brasil! Viva Frei Caneca, Assis Chateubriand, Roberto Marinho, Tim Lopes e outros, que tornaram da Imprensa mais que existente (o que viria a acontecer de uma forma ou de outra), tornaram possível que ela fosse o que é hoje: cada vez mais transparente (mesmo com as eternas deficiências), eficiente, imediata e confiável.
O fato é que se é preciso ter uma data no calendário, e essa data deve ser de 1808 para que não percamos o posto de bicentenária (nós, a imprensa), é preferível que os profissionais desta área ficassem com o antigo 10 de setembro, uma vez que o Correio mais se assemelhava a um livro do que a um jornal, devido, inclusive, à sua periodicidade. Mas isso é o de menos: só não podemos dar nossa missão por completa. Ainda há muito o que se fazer e muitos dias para virar história, mas nós merecemos um dia, e como dificilmente voltaremos ao 10 de setembro, nos confraternizemos no 1º de junho. E digo mais: se não fosse "trocar gato por lebre", lutaríamos por esse direito. Mas o que vale é a história, em seus altos e baixos, e as datas, não podem ter tanta importância, pois se trata de algo "certo" como um dia fixo enquanto se refere a algo tão incerto quanto nossa história (nós, brasileiros, nós, Imprensa).

3 comentários:

Débora Leite - Au Pair na Califórnia disse...

Nossa, realmente é uma confusão isso, esse negócio da falta de liberdade de expressão era algo muito comum, as pessoas não eram livres para falar o que pensavam, e creio que até hoje ainda há certas regras que devem ser seguidas que nos impedem de expressar nossa real opinião sobre certas coisas.
Adorei o blog de vocês, vou passar por aqui de vez em quando para comentar!
Parabéns pelo blog, estou com muuuuuitas saudades, Buru!!!
Te adoro muito!
Beijos,
Débra.

cynthia disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Anônimo disse...

Bruninha sempre passo pelo meu ex blog para ler os textos seus e de Kellylda Parabéns para vocês Grande beijo Pollyanna