Ano novo, problemas velhos. 2010 começou mostrando a que veio: desastres naturais em pleno reveillon, revelando o retrato de um País que prefere remediar a prevenir: em 2009, o Governo Federal gastou quase 10 vezes mais em reparos aos danos causados por enchentes e deslizamentos de terra do que em medidas de prevenção de desastres e preparação para a chegada das chuvas.
A maior prova de que o principal desastre é a falta de recursos e desenvolvimento é o último terremoto ocorrido no Haiti. O país, que é o mais pobre das Américas, foi devastado e sofreu conseqüências das quais um país de primeiro mundo como o Japão, que costumeiramente enfrenta fortes tremores de terra, está livre, devido ao alto investimento em tecnologias capazes de minimizar os efeitos da fúria da natureza – que está cada vez mais implacável.
Vida nova em 2010? Algumas coisas definitivamente não mudam. Em 2009, os brasileiros trabalharam cinco dos 12 meses para pagar impostos. E para onde vai tanto dinheiro? Para perucas dos Senhores senadores! Isso por que, ao contrário da promessa feita para 2009 de reduzir os gastos com horas extras no Senado, os números só aumentaram (R$ 3,7 milhões a mais do que em 2008). O que então esperar para 2010? Um ano que já começou com um episódio que seria trágico se não fosse cômico, com o pagamento de R$6,2 milhões em horas extras para os funcionários do Senado em janeiro, mês em que a Casa está em recesso.
Extra, extra... Extra-ordinário, eu diria. Só no Brasil mesmo para funcionários (públicos, óbvio) receberem hora extra quando não houve sequer uma sessão ou reunião. Não bastasse o fato de Senadores folgarem 280 dias do ano. Isso mesmo! Somados os recessos e férias totalizam 85 dias. Dias esses que os senhores senadores deixam de trabalhar, mas pelo visto não deixam de receber o já generoso salário e ainda o beneficio de hora extra. E por falar em hora extra do Senado, a mesma recebeu reajuste de 111% no teto. Isso mesmo, cento e onze por cento. E você que se contente com o aumento de 9% no salário mais que mínimo.
Um dos países que mais paga impostos no Mundo é também um dos que menos dispõem de benefícios para os contribuintes. Com os nossos governantes e parlamentares, no entanto, somos generosos (vide auxílio telefone, correios, e transporte aéreo). E você que se contente com a incorporação de novos procedimentos no plano de saúde. E aguarde o reajuste... Ou você acha que não vai pagar mais por isso? No Brasil, só quem não banca com suas despesas, são os políticos. Essas despesas, aliás, também estão na sua conta. Mas venham a nós os políticos! É deles o reino das contas públicas e do paraíso fiscal. Eles são todos filhos do Brasil. E alguns estão em cartaz no cinema mais próximo nesse verão...
E por falar em filhos do Brasil e da Revolução, parece que tem gente com saudade da Ditadura e quer controlar a Imprensa (isso porque o novo Plano Nacional de Direitos Humanos prevê o controle da linha editorial dos veículos sob pena de quebra de concessão). De que direito estamos falando? Só se for o direito do silêncio. Manter a Imprensa a rédeas curtas é retrocesso, e 2010 é o ano dos extras! Já começamos com chuva extra (e consequentemente desastres extras), calor extra, propaganda política em forma de filme extra, censura extra e, para os senhores senadores, pagamento de hora extra-oficial e extra-generosa. E é só o começo! Esse ano ainda tem Copa do Mundo e Eleição, e eu já estou ensaiando o grito para extravasar as peculiaridades de ser brasileiro: Extra, extra... Quer dizer, Hexa, hexa, hexa!
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