quinta-feira, 25 de março de 2010

Abaixo o Sensacionalismo!

O que vou escrever aqui é um desabafo. Pode até soar meio insensível, e na contra-mão de tudo que vem sendo dito, mas digo com a tranqüilidade de quem não quer ser compreendido, mas como qualquer um que escolhe ser um “comunicador”, quer se expressar.
Não tem como falar dessa semana sem falar do tão esperado julgamento do Casal Nardoni, dois anos depois do crime que chocou o País – julgamento esse que acontece agora, quando a opinião pública já condenou os dois antes mesmo da própria Justiça. Mas também não tem como não se perguntar porque o assassinato da menina Isabella ganhou tanta repercussão.
Todos os dias tantas Isabellas são torturadas, molestadas e mortas em todo o Brasil, mas apenas a menina branca e bonita, paulista de classe média estampa camisetas de milhares de protestantes, comovidos, que se declaram “um pouco órfãos de Isabella”.
A reconstituição do crime, a maquete de 30 mil reais, o circo em que se transformou o julgamento: Tudo isso é lamentável, ainda mais quando se fala de Brasil, um país com tantas injustiças, tanta desigualdade, tanta corrupção e tanto sensacionalismo.
A justiça tem sim que ser feita. Nada mais que justiça para Isabella e também para tantas outras crianças vítimas de maus tratos, vítimas de fome, de abandono. Me lembro do caso de um menino chamado Pedro, que aconteceu cerca de 1 mês após a morte de Isabella. O menino, de família pobre e suburbana, foi torturado durante meses pela mãe e pelo padrasto, o que acarretou sua morte. Mas quem se lembra, quem se importa?
Condenar Alexandre e Anna Jatobá não será o fim da violência contra crianças no País – será apenas o retrato do poder que a Imprensa, o Quarto Poder, pode exercer sobre o Judiciário, pressionando a eficácia de laudos, de perícias e a efetividade da Justiça em si.
Termino esse meu desabafo lembrando que a Imprensa elege presidentes, derruba presidentes, condena inocentes e absolve culpados. Por que não então a opinião pública e a Imprensa não estendem suas mãos generosas (e poderosas) também para essas Isabellas, Joãos Hélios, Pedros e tantas outras crianças que tem todos os dias suas infâncias roubadas e seus sorrisos calados? Bem, mas esse é só um desabafo de mais uma pessoa revoltada com o Sistema e com os caminhos que segue a profissão que ela escolheu.

Um comentário:

Priscilla Rocha disse...

Cara Amiga. Concordo com tudo que foi escrito. Está de parabéns pela forma que se expressa. Adro seus textos e suas opiniões fortes e bem definidas. Se mudar de time então, viro sua fã.