É fato que em meio a tantas contradições e “mudanças de opinião”, aparentemente a única constante nos discursos de Lula são as metáforas: retrato de um Brasil cômico, e trágico. A última do Presidente foi a infeliz comparação de presos políticos de Cuba com presos comuns. “Eu penso que a greve de fome não pode ser usada como um pretexto de direitos humanos para libertar as pessoas. Imagine se todos os bandidos que estão presos em São Paulo entrassem em greve de fome e pedissem liberdade”. Ora, Lula... Se conhecesse os direitos humanos saberia que em sua Declaração Universal consta que governos como o de Cuba infringem os direitos humanos em vários pontos.
Lavar as mãos diante de pessoas que foram presas pelo simples fato de não concordar com um regime opressor é no mínimo estranho, ainda mais vindo de alguém com a biografia de Lula. Ao comparar um preso político com um preso comum, Lula enquadra a si próprio e sua candidata a sucessão, Dilma Rousseff, no mesmo saco que os presos cubanos por ele condenados. Isso porque, tanto o presidente como a ministra, foram presos políticos, e Dilma, inclusive, foi intimamente ligada à luta armada.
É fato também que o Lula “Paz e Amor” eleito pelo marketeiro Duda Mendonça, não é o mesmo que o Lula sindicalista, oposição enérgica e com ânsias de mudança. O Presidente se orgulha disso, e se utilizou da velho ditado chileno que diz que o homem que aos 20 anos não é socialista, não tem coração, e o que continua socialista aos 40, não tem cérebro. O Brasil elegeu o coração de Lula, mas levou de brinde seu cérebro cheio de metáforas e pérolas em forma de piadas de turco, acreditem, no Oriente Médio.
Só quero deixar claro que não sou anti-Lula. Sou apenas a favor da fidelidade não só partidária, como ideológica. Admirava Lula enquanto coerente com suas convicções, mesmo que radicais, e acho que as ideias devem mesmo passar por metamorfose e amadurecimento, porém não uma total desvirtuação. Recorro então a mais uma frase-chavão: Se quer conhecer um homem, dê a ele o poder. Eis então o novo presidente Lula: Capitalista, metafórico, inconveniente e contraditor de suas próprias origens e ideais... O que é isso, companheiro? "Hay que endurecer, pero sin perder la ternura jamás!”
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